A Coalizão Empresarial pela Equidade Racial e de Gênero vem manifestar seu posicionamento
frente a grave crise que vem sendo vivenciada pelo Brasil e o mundo em razão da pandemia da
COVID-19, a qual gera um impacto desproporcionalmente mais severo sobre a população
negra.
Em 2018, no Brasil, existiam 46.631.115 vínculos formais, sendo que os piores salários eram
pagos para trabalhadores dos serviços essenciais, constituídos majoritariamente por
trabalhadores negros: no telemarketing, 64,1% do total de vínculos eram negros; na limpeza
urbana, 55,4%; na segurança, 52,9% e na construção civil, 50,2%, dentre tantos outros serviço¹
Essas pessoas não podem evitar os riscos da covid-19, pois precisam manter os serviços
essenciais das cidades, tais como fornecimento de água potável, energia elétrica, limpeza
urbana, empresas de telemarketing e entregadores de comida.
Além disso, dados mais recentes do IBGE, apontam que o Brasil tem presenciado um momento
de aumento da desigualdade salarial entre brancos e negros, no qual o país atingiu em 2020 o
maior patamar de desigualdade entre a renda média desses dois segmentos desde 2016. A
pandemia e a crise econômica que dela provier pode reforçar ainda mais esse cenário de
desigualdade
Para agravar essa situação, a população negra possui comorbidades como pressão alta e
diabetes que agravam os efeitos do vírus. Além disso, esta população vive majoritariamente
nas periferias e favelas, onde há desafios estruturais para a prática do isolamento social,
virtualmente impossível em função da concentração de famílias e agregados em pequenas
construções que possuem apenas um cômodo e nas quais muitas vezes não há sequer um
banheiro.
Neste sentido, a presente Coalizão, coordenada pelo Centro de Estudos das Relações de
Trabalho e Desigualdades (CEERT) e pelo Instituto Ethos, criada há 3 anos e contando com
mais de 70 empresas signatárias, vem apoiar e fortalecer as reivindicações de organizações da
sociedade civil para que seja assegurada a coleta do dado cor/raça em todos os cadastros de
saúde e serviços correlatos, conforme determinação legal, do Ministério da Saúde, expressa na
Portaria 344, de 1º de fevereiro de 2017.
Este dado é fundamental para o mapeamento do que está ocorrendo com a população negra e
feminina no Brasil e pode orientar políticas públicas e privadas mais eficientes para lidar com
os efeitos da COVID-19 em perspectiva interseccional, considerando a equidade de raça e
gênero no país.
Cabe ressaltar que a Coalizão é um espaço de articulação, debate, troca de experiências e
estímulo à implementação de boas práticas empresarias, em um esforço coletivo para se
promover a inclusão e a diversidade com a equidade nos espaços de trabalho.
¹Fonte: RAIS - Relação Anual de Informações Sociais - 2018.